E os vencedores são… Nossa lista dos 20 melhores lugares

Já se passaram 6 meses que voltamos pra casa. Hoje é o meu último dia de “aposentado” e finalmente está chegando ao fim o último ciclo dessa história que começou em setembro de 2011. Resolvemos publicar um último blog já que todo mundo nos faz sempre a mesma pergunta: “E aí, qual foi o lugar que vocês mais gostaram?”

Por causa disso, sentamos um dia com duas garrafas de vinho, um somzinho bacana e resolvemos fazer uma eleição dos momentos que marcaram nossa viagem por um motivo ou por outro. Foram ao todo 97.112 Km rodados em 1.015 horas de viagem em aviões, trens, carros, caminhões, ônibus, barcos e motos. Pra se ter uma iéia nós poderíamos ter dado quase 2,5 voltas ao mundo seguindo pela linha do Equador. Foi muito chão!

Depois de muita conversa, escolhemos um lugar favorito. Porém oferecer só um nome depois de viajar por 11 meses e 3 semanas não faz justiça à quantidade de experiências que tivemos. Decidimos  separar em 20 categorias já que uns são tão diferentes dos outros. Assim ficou mais fácil escolher os nossos preferidos. Já que muitos deles não são especiais somente pela beleza natural, mas também trazem uma bagagem cultural e humana que os fazem realmente inesquecíveis.

Então sem mais demoras aqui está nossa lista final. Sei que vai ter gente que concorde ou discorde, mas a idéia mesmo é pra você que nunca esteve em nenhum desses locais. Espero que isso sirva de inspiração pra uma visita no futuro.
1. Melhor Praia – O símbolo de Noronha também foi a nossa praia preferida. E olha que a escolha não foi fácil.

Baía dos Porcos - Noronha - Brazil

2. Melhor caminhada longa – Não teve nada como percorrer os 122 Km a pé do circuito de Annapurna no Nepal

Caminhada de 11 dias pelas montanhas de Annapurna no Nepal

3. Melhor caminhada curta de um dia – El Chalten na Patagonia Argentina. Mas a trilha e o passeio para ver a Cachoeira do Buração na Chapada da Diamantina foi inesquecível.

El Chalten - Argentina

4. País com a melhor cozinha – Tailândia. Mas achamos que o México e Vietnã merecem ser mencionados como segundo e terceiro bem próximos.

Fried Morning Glory No Mercado de Chatuchak em Bankok

5. País com as melhores frutas – Vietnã foi imbatível com a variedade de frutas, qualidade e os melhores sucos em toda a viagem (desculpe Nossa Polpa).

Fresh and variety are the name of the game

6. O melhor lugar pra um bom colírio nos olhos – Eu achei a noite de São Paulo imbatível. Jason achou que nada se compara com a moçada que vai pro Carnaval em Salvador.

7. A viagem de ônibus que a gente nunca esquece – Seguir por precipícios enormes, no meio de montanhas com cachoeiras e geleiras numa estradinha minúscula de Jomson a Pokhara no Nepal foi memorável por inúmeros motivos.

Arrepiante essa viagem de ônibus

8. O local contruído pelo homem que mais nos impressionou – Acho que as ruínas de Angkor em Siam Reap no Cambodia são as mais incríveis contruções que já vi na vida.

Essa é uma pequena parte de um complexo que se extende por dezenas de Km quadrados

9. O lugar mais distante do mundo ocidental – A pequena vilinha no norte do Laos, fronteira com a China chamada Muang Sing. Lá o tempo parou há mais de 100 anos.

Little monks offering us some nice fresh worms in Laos

Os pequenos monges nos oferecendo larvas em Muang Sing

10. Melhor lugar pra se ter uma diarréiazinha básica – Katmandu no Nepal. Mas a viagem de rede no barco cruzando o Rio Amazonas não ficou atrás não.

Centro de Katandu no Nepal

11. O lugar que sonhamos em ter ar-condicionado – Dois ganharam na quentura. Presidente Figueiredo no meio da Floresta Amazônica, que pelo menos é rodeado de rios e cachoeiras. Mas no Parque de Chitwan no Nepal pensei que ia derreter.

O único momento refrescante do dia no parque de Chitwan - Nepal. Pelos menos foi realmente ÚNICO

12. A melhor sobremesa – O sorvete de cupuaçu com castanha do Pará da sorveteria Cairu em Belém foi o melhor que já comemos na vida. O creme de cupuaçu com açaí na tigela em Fernando Noronha chegou perto de ganhar.

Nunca tinha comido esse creme de cupuaçu. Incrível!

13. O povo mais legal – Não teve competição para os mexicanos. Mas devo dizer que, por causa da língua, ficou difícil de conhecer gente na Ásia, mas mesmo assim o povo do Laos nos chamou muita atenção.

Simpáticos, brincalhões e animadíssimos. Os mexicanos nos conquistaram rapidinho

14. O maior baque cultural – A visita do Nepal foi um assalto aos nossos sentidos.

Não estávamos esperando ver homens de mãos dadas no meio do Nepal

15. A pior experiência – Deslocar meu ombro no meio do nada no Nepal não foi tão bacana. Para o Jason foi um longa sensação de paranóia no Laos. Hoje em dia rimos muito dessas histórias, mas na hora deu um pouco de medo.

Hoje é motivo de riso

16. Melhor mercado – Esse foi fácil. O gigantesco Mercado de Chatuchak em Bangkok na  Tailândia nos deixou exaustos.

De acordo com a Wikipedia é o maior mercado de final de semana do planeta. Dá pra encontrar de tudo por lá

17. Melhor país para esportes de aventura e eco-turismo – Aqui nós não conseguimos achar o melhor, então 3 estão empatados. Costa Rica, Nepal e Vietnam.

Não dá pra ficar parado na Costa Rica

18. A melhor festa – Nenhum lugar superou o Carnaval de Salvador.

SALVADOR- BAHIA during Carnaval
Tira o pé do chão galeeera!!!!!

19. Um país para alimentar a alma – No Nepal todas as religiões parecem ser bem recebidas e o país respira religiosidade.

Os onipresentes olhos do Buda

20. O local mais bonito em toda a viagem – Depois de muita conversa, decidimos que o Vale Francês no Parque de Torres del Paine na Patagônia Chilena foi o local mais incrível que visitamos durante toda a viagem. Não dá pra explicar o quão belo é o lugar. Se você ainda não foi, me faça um favor : ponha na sua lista.

Just one view of the French Valley. Everywhere you look is different but equally stunning

Esse é o final. Mas quem sabe um dia não voltamos de novo com uma outra idéia maluca? Afinal, são esses momentos desviados da normalidade cotidiana que levamos para o resto da vida da gente não é verdade?

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11 motivos para largar o trabalho, chutar o pau da barraca e viajar por vários meses…

E finalmente chegou o final de 2012! É aquela época do ano que fazemos um balanço das nossas vidas e algumas pessoas sempre fazem as eternas listas do que vão fazer no próximo ano. Gosto dessa época porque muita gente começa a olhar mais pro lado e perceber que estamos numa comunidade e que nossas atitudes e comportamentos têm consequências. Então é legal ser mais educado, gentil com as demais pessoas.

O lugar que mais gostamos - Torres del Paine in Chile

Mas chega de análises baratas e vamos falar do nosso último blog. Muitas pessoas chegam pra gente e nos dizem: E aí? E a tua viagem! Eu gostaria tanto de fazer isso. Acho que é o sonho de todas as pessoas!

Realmente esse último ano foi um ano memorável. E aprendemos muito mais do que ficar em casa, na nossa rotina diária. Então, como achamos que todos devem viajar por um tempo, decidimos fazer uma lista com 11 motivos que todos nós deveríamos deixar o trabalho e chutar o pau da barraca. Não precisa ser um ano inteiro, alguns meses já vale muito à pena. Mas considerem um dia uma empreitada dessa,  você vai voltar muito mais feliz.
1. O mundo é muito maior do que pensamos – De alguma forma a globalização fez com que o mundo ficasse mais pequeno. É mais fácil de se comunicar, trabalhar e até estudar à distância. Parece até que a Coréia ficou mais perto com o “Gangnam style”. Mas 1 Km ainda são 1000 metros e o planeta Terra é imenso. Tem tanta coisa pra explorar, lugares com culturas diferentes e paisagens exóticas, que precisamos um pouco mais de tempo pra poder absorver o que esses cantos tem pra oferecer. Apesar de estarmos aos poucos convergindo pra um único modo de viver, ainda podemos encontrar locais com diferentes tradições, língua, roupas principalmente em vilas mais distantes da cidade grande.

No interior do Laos, onde a vida de verdade acontece

2. Estamos refletindo sobre nossa vida constantemente – Viajar quase sempre nos traz uma nova perspectiva. Tudo que é diferente nos faz parar pra pensar sobre como é nossa realidade onde vivemos. Você acaba trazendo pra casa o que é bom e interessante. O que vemos de ruim e de mal gosto nos deixa com um ar de dever cumprido, de que nos organizamos melhor, de que somos melhores.

Queria ter essa vista todo dia do meu ap

3. Existe muito mais gente legal no mundo que gente ruim – Muita vezes nós prestamos mais atenção nas expierências ruins. Alguém que tentou te passar pra trás, ou te roubou a carteira ou um restaurante que você foi mal tratado. Mas isso geralmente acontece com uma minoria das situações. A maior parte das pessoas são boas, curiosas e querem lhe tratar bem. Eles querem lhe ajudar e querem que você se sinta em casa. Eles querem que você volte pra sua casa e fale bem da cidade, do país ou da cultura deles.

Pneu furado, mas alguem parou pra ajudar

4. Trabalho não é tudo na vida – Parece até livro de auto-ajuda. Mas nós vivemos numa sociedade completamente obcecada pelo trabalho. Quando estamos acordados passamos mais tempo no trabalho do que com nossa família e amigos. Muitas vezes porque botamos na cabeça que temos que comprar algo e acabamos ficando escravos das contas que temos que pagar. Ficar longe disso tudo e ter somente uma mochila nas costas por um ano foi uma das experiências mais libertadoras das nossas vidas.

Quem inventou a rede na Lagoa do Paraíso, merece um prêmio.

5. Percebemos que as pessoas têm vidas muito parecidas, independentemente de onde vivem – Vamos comparar a vida das pessoas numa cidade no meio de Laos e em Nova Iorque (principalmente depois do furação Sandy). A principal preocupação é com comida, abrigo, roupas, energia e segurança. Mas em Nova Iorque temos que ter ainda um milhão de outras coisas pra viver de forma confortável. No Laos a vida tem um ritmo mais lento depois que esses prerequisitos básicos são adquiridos.

Elas tavam vendendo mais do que pulseira. Mas esse era o ganha pão!

6. Numa viagem dessas o gasto é bem menor do que você pensa – Se você for pros lugares certos e deixar de lado alguns luxos, dá pra viajar por até 30 dólares/dia.  Mas se você for pra Europa, América do Norte, Japão, Cingapura pode chegar nos 300 dólares facinho. O Brasil quase que quebra a gente, apesar da ajuda da família e amigos.

Aula pra aprender a cozinhar o dia INTEIRO e comer tudinho por 40 dólares

7. Ao voltar pra casa, você volta com energia renovada – O povo que ficou vai estar na mesma merda e cansado. Seu chefe vai ficar feliz de ver você com um sorriso no rosto e animado. Agora o seu objetivo é trabalhar e juntar grana de novo pra viajar em alguns meses.

Nativo no Vietnã

8. Pessoas que viajam são mais valorizadas no trabalho – Só quem é estúpido não vai valorizar o fato de você ter passado um tempo fora. Entender outras culturas é a melhor forma de entrar de cabeça nesse mundo globalizado e informatizado. E você tem a cabeça mais aberta, você está sempre na frente das pessoas que nunca saíram de casa.

Se as férias forem no Carnaval, não dá pra voltar tão feliz e descansado assim...

9. As suas papilas gustativas nunca mais serão as mesmas – No Brasil onde estamos acostumados à mesma comida desde pequeno é como se fosse uma explosão de gostos. Pra alguns pode até ser um pouco demais. Mas pra quem gosta de se aventurar, pode ser uma das melhores partes da viagem.

Arroz, lentilha, batata e couve, com temperos bem diferentes - a comida do Nepal

10. Quase nada muda na sua cidade depois que você volta – Depois de passar um ano fora, tudo estava praticamente do mesmo jeito de quando saímos de Boston.  Parece que se passaram meros 1 ou 2 meses por aqui. Para nós esse ano durou muito mais do que 12 meses.

Mas você pode aprender a mergulhar, velejar, andar de moto, subir montanha e não se cansar

11. Uma viagem longa é possível – Nos EUA e no Brasil isso parece ser impossível. mas na Europa, Israel, Australia, Nova Zelândia é como se fosse uma espécie de ritual de passagem pra quem tem 20 e poucos anos. Mas mesmo depois da Universidade, vários locais de trabalho nesses países dão o direito das pessoas passarem alguns meses fora. Conhecemos gente de 20 a 70 anos fazendo essa viagens e até um casal com 3 crianças viajando pelo Sudeste Asiático. Sim, é possível!

A nossa amiga aqui pode vijar pra onde queira, sem problemas

Então se você pretende um dia fazer uma loucura dessas. Se prepare com antecedência. Nós juntamos grana por 3 anos e organizamos nossa vida de tal forma que funcionasse tudo direitinho. Não vou dizer que é fácil, mas esse é um investimento que ninguém pode tirar da gente. Afinal: Viagem é umas das únicas coisas onde gastamos dinheiro e acabamos ficando mais ricos.

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Ultimos dias na Asia e nossa viagem pelos States

Hong Kong

Já faz um tempo que nós voltamos pra casa. Depois desses quase 3 meses nós já vimos quase todos os nossos amigos e a vida vai aos poucos voltando ao normal. Mas ainda tenho algumas histórias pra contar. Logo depois de sair do Vietnam nós ainda passamos uma semana no continente asiático. Voltamos à Bangkok por 5 dias. Bangkok foi o nosso centro de viagens por aqui e não poderíamos ter escolhido melhor. Muitas compras, ternos, camisas e calças e uma nova mala pra carregar as coisas. Claro que dissecamos a cidade do ponto de vista gastronômico e no final estávamos pedindo penico, já com medo de explodir.

Depois da farra Tailandesa, seguimos em direção a Hong Kong, nosso último destino internacional. 2 dias foram o suficiente para se hospedar numa das cidades mais caras do mundo. Hong Kong lembra um pouco o Rio de Janeiro, mas com mais ilhas e com o litoral ainda mais recortado. A malha rodoviária é impressionante com pontes, túneis se sobrepondo no relevo da região. O sistema de transporte é o mais organizado que já vi na vida. A consequência disso é que 90% da população usa algum meio de transporte público diariamente, o mais alto índice do planeta. A outra consequência é uma mínima quantidade de carros nas ruas. Chega a ser estranho imaginar que o “país” com a quarta maior densidade demográfica do mundo e mais de 7 milhões de pessoas tenha um tráfico de cidade do interior.

A maior escada rolante do mundo (indoors) - 800 metros

Algo que também nos chamou a atenção foi um comércio refinado de boutiques das mais famosas em quase todas as esquinas da cidade. É muuuuito dinheiro rodando por aqui e os preços são bem caros. Nosso referencial depois de passar os últimos três meses no Nepal, Tailândia, Laos, Cambodia e Vietnã foi por água abaixo. À noite a vista dos prédios na ilha é incrível e eles fazem um show de luzes e música que é considerado o programa número 1 da cidade, mas nós achamos pra lá de brega. Só não foi pior mesmo que o Bolero de Ravel em João Pessoa.  Nossos últimos dias na Ásia foram bem quentes e úmidos. Uma neblina danada pairava sobre a cidade e o jeito era mesmo imaginar a beleza do lugar, que pelas fotos parece ser paradisíaco.

Na volta pra América, nossa primeira parada foi em Chicago por algumas horas pra pegar o vôo para nossa casinha em Boston. Depois de passar tantos meses vendo uma população pequena e magra, ao chegar nos States tomamos um susto com o tamanho dos americanos. O povo é muito grande e gordo, uma loucura!!!!!

UFOs in the USA

UFOs in the USA

Finalmente chegamos em casa por volta das 9 da noite, depois de não sei quantas horas dentro de avião e aeroporto. Os primeiros dias em Boston não foram fáceis. Apesar de estarmos em casa, por algum motivo nos parecia um pouco estranho. A casa parecia vazia, sem graça, sem personalidade, sem nosso toque. No dia seguinte a tarefa era tirar todas as caixas do porão e subir quatro lances de escada até o nosso andar. Tantas caixas que nós nem sabíamos o que tinha dentro delas. Depois de passar 11 meses somente com uma mochila, ficamos nos perguntando pra que precisamos de tanta coisa. E por causa do mofo tivemos mesmo que nos desfazer de um bocado de roupa, sapato, toalha e lençois. Passamos 3 dias lavando roupas com vinagre e secando no nosso forte sol de verão.

Iowa City

Depois da canseira da viagem o descanso que tivemos foi conversar com nossos vizinhos que vinham nos contar que liam nossos blogs e que adoraram tal e tal história. Na nossa segunda noite fomos convidados a um jantar num restaurante, onde vimos vários dos nossos grande amigos. Uma ótima noite pra nos lembrar que estamos de volta em casa.

Mas a viagem anda não tinha terminado. Decidimos começar nossa viagem pelos States. Antes de sair o Jason fez uma entrevista no emprego antigo dele e já estava quase garantido a sua volta e com direito a aumento. Fizemos a mala, enchemos o tanque do carro e fomos visitar meus grandes amigos Aécio e Débora em Cleveland. Depois fomos visitar Danni, Nuno, Luís e Leo em Iowa City. De lá seguimos pra visitar a família do Jason no Texas. E claro que paramos pra fazer um pouco de turismo visitando as cataratas do Niágara, o Rock n Roll Hall of Fame e a casa do Elvis Presley em Memphis. Por falar nisso, a casa dele foi um passeio surpreendente e pra mim o melhor do turismo que fizemos nessas 3 semanas de “road-trip”.

Fazer esse blog não é tão mais interessante como antes e ainda tenho algumas idéias pra postar antes de finalizar tudo. Alguns pontos filosóficos e alguns números. Espero terminar isso logo, por enquanto aí estão algumas das fotos do nosso último mês de flozô.

Graceland

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Vietnã o retrato mais fiel da Ásia

O símbolo do país

Nós moramos num bairro de Boston chamado Dorchester. Aqui tem gente de todas as raças: irlandeses, haitianos, cabo-verdeanos, latinos de vários lugares, negros e uma respeitável comunidade de vietnamitas. A maioria deles veio da parte mais setentrional do Vietnã, depois que os comunistas do norte ganharam a guerra. Depois de décadas de imigração os sinais do Vietnã estão espalhados pelas ruas de Dorchester. Então para a gente foi bacana visitar o país de origem de muitos dos nossos vizinhos. Sem dúvida, a oportunidade de mergulhar fundo e passar 3 semanas no Vietnã foi uma experiência ainda melhor do que o que o parco contato que temos com a cultura desse país nos Estados Unidos.

Ho Chi Minh em Ho Chi Minh

Talvez depois das duas Grandes Guerras, a Guerra do Vietnã tenha sido o conflito armado mais emblemático do Século XX. A vinda ao país foi uma verdadeira aula de como tudo aconteceu. Na época existiam duas filosfias econômicas polarizando completamente o mundo do pós II Grande Guerra. Qualquer nação, mesmo pequena, era importante no tabuleiro político que os Estados Unidos e a União Soviética jogavam. Infelizmente o preço pago foi muito alto e milhões de pessoas inocentes morreram por causa da fome de poder dos políticos envolvidos. A guerra acabou desde 1975 e o país parece estar muito bem e reconstruído. Um sinal da força de um povo que é conhecido pelos demais países vizinhos como sendo muito trabalhador e determinado.

A posição preferida de todos os asiáticos. Descanso total...

Nao é novidade que o partido comunista mantém uma mão de ferro sobre como o Vietnã funciona e não é surpresa que isso reverbera mal com várias das pessoas que conversamos. Em alguns lugares não tínhamos acesso a Facebook, em outros nada de blogs e os comentários sobre corrupção não eram muito diferente do que o que vemos no Brasil. Apesar disso, a visão de uma ditadura comunista sem as liberdades básicas individuais não foi o que vimos. As pessoas falavam abertamente sobre o governo e geralmente bem mal. Ficamos sim, impressionados com o empreendedorismo dos vietnamitas. Eles estão sempre prontos para fazer qualquer negócio. Ao contrário do que acontece em países capitalistas onde vemos grandes cadeias de lojas, supermercados e restaurantes, no Vietnã vimos muitos negócios familiares e pessoas tendo seu próprio estabelecimento. Ficamos nos perguntando o que é melhor para a população, trabalhar para si próprio ou para uma empresa? Acho que tem pontos positivos e negativos nas duas opções, mas nos pareceu que os vietnamitas estavam muito bem com uma menor quantidade de grandes empresas monopolizando suas vidas.

Cobertas sempre dos pés a cabeça

Com uma população de mais de 90 milhões de pessoas, eles são bem homogêneos etnicamente, apesar do país ter sido invadido por vários países ao longo dos últimos séculos. Hoje junto com a Tailândia, é um dos países mais poderosos da região e forma um novo grupo de países emergentes que devem crescer muito mais do que as nações que fazem parte do famoso bloco chamado BRIC (Brasil, , Russia, India e China). A economia deve continuar crescendo e apesar de vermos pobreza, nao foi nada parecido com o que vimos no Laos e no Camboja.

Gruta de Phong Nha

Quando estávamos no Laos e Tailândia nos avisaram para tomar cuidado, pois os vietnamitas estavam sempre tentando enrolar turistas. Na realidade não nos pareceu diferente da grande maioria dos lugares onde visitamos. Claro que tudo é negociável e você deve sempre tentar baixar o preço dos passeios ou de qualquer coisa que se vá comprar. Felizmente quanto mais longe estávamos dos grandes centros turísticos, mais amigável era o povo. Isso era verdade em quase todo lugar que estivemos. No futuro, estaremos sempre atentos para sair um pouco da tradicional trilha turística, procurar programas diferentres e conhecer locais que os nativos gostam e se divertem.

O povo parava o Jason pra tirar foto

Assim que nós chegamos no Vietnã, algo nos chamou a atenção imediatamente. No meio da rua, as meninas e mulheres estavam sempre usando calças, camisas de manga longa, chapéus, máscaras e até luvas. Isso num calor de 35 graus e com uma umidade muito alta. Até na praia elas ficam na sombra ou vestidas dos pés a cabeça. Seria uma razão religiosa? Não! Elas só não querem ficar morenas. É interessante entrar numa farmácia ou numa bodega e ver vários produtos para enbranquecer a pele, além das propagandas na TV. Enquanto isso, do outro lado do mundo estamos todos tentando ter câncer de pele, produzindo vitamina D com o objetivo final que é ter um bronze. Parece que nunca estamos felizes com o que temos…

Coletando algas em Nha Trang

Budismo é também a principal religião por aqui. Notamos que não é tão pronunciado como nos outros países, principalmente Tailândia e Laos. As lojas e hotéis têm geralmente pequenos altares para as oferendas e velas, mas não vemos tantos monges andando no meio da rua. Acho que foi o país com menos templos budistas e com uma maior quantidade de outros templos que poderiam ser taoístas, confucionistas ou de uma religião local chamada Cao-Dao. 10% da população é católica e claro que a grande maioria se concentra na região mais “capitalista”, no sul do país.

Pho

Com relação à beleza natural, achamos que o Vietnã é o país mais bonito que visitamos na península da Indochina. Isso porque além das montanhas, das grutas, das cachoeiras e dos campos de arroz (que também encontramos no Laos), o Vietnã tem uma região costeira que é paradisíaca e inesquecível, principalmente a Baía de Halong. O transporte tem seus problemas. As estradas são muito boas, mas nós ficamos sabendo de muitos acidentes rodoviários. Os ônibus não são tão confortáveis. Os trens são melhores, mas não da qualidade que vemos nos Estados Unidos e Europa. Uma excelente saída, são passagens de aviões, que podem sair bem baratas se forem compradas com antecedência.

A comida por aqui foi uma grande surpresa. Estávamos acostumados a comer em Boston as famosas sopas pho e os rolinhos primaveras frescos. Mas tem muito mais para se provar. E a melhor parte foi ter a oportunidade de experimentar a culinária de diferentes regiões na medida que percorríamos o país. Além dos pratos estranhos como rã, churrasco de pé de galinha, churrasco de intestino de porco, ovo de pato com embrião, sopa de pombo e até cachorro – que nós não comemos. Eles tinham também as deliciosas e diferentes sopas com macarrão fresco feito no dia, complexos cozidos de carne, churrasco de porco e frigideiras de legumes com enguia. HUmmmmmmmmm!!!! A gente não vê a hora de voltar para casa e provar tudo que os cardápios oferecem nos restaurantes do nosso bairro.

A cerveja do Sul, caranguejo e suco da fruta de um cacto

A moeda do país se chama Dong. US$ 1 vale 20.000 dongs. É estranho ir num caixa automático e sair milionário com vários milhões de dongs no bolso. Tomar uma cervejinha de 600 mL num bar custa cerca de 1 dólar. Com 3 dólares pode-se comer bem tanto no almoço, como no jantar em restaurantes bem simples . E um quarto num hotel para mochileiro vai por cerca de 15 a 20 dólares.

Templo Cao-Dao

O Vietnã foi o último país grande que visitamos. E como ficamos satisfeitos de poder finalizar por aqui. Por que? Porque o país é uma pintura fiel do que é a Ásia de verdade. Andar nas ruas das mais diversas cidades e ver os nativos com seus icônicos e cônicos chapéus, segurando as enormes “balanças”, levando os produtos para vender aos transeuntes foi uma dessas visões que ficarão estampadas na nossa memória. Agora, só com as lembranças, esperamos reviver esses momentos no nosso bairro em Boston. Como somos sortudos.
Tá terminando…

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Uma das maravilhas do mundo no Vietnã

Uma das ilhas

Halong e a ilha de Cat Ba nos foi apresentada pela internet como a última coca-cola do deserto. A Baía de Halong fica no norte do Vietnã, perto da fronteira com a China, e os adjetivos para descrever o lugar não são poucos. Assim que aportamos na ilha de Cat Ba (a maior da baía), a imagem não foi das melhores. Tudo muito plano e várias piscinas próximas do mar que pareciam ser de criação de peixes ou crustáceos. Felizmente à medida que cruzávamos a ilha em direção à vila de Cat Ba o cenário foi mudando. As montanhas começaram a crescer e a única estrada da ilha foi beirando o mar entre as formações rochosas de um verde exuberante nos mostrando a verdadeira face desse paraíso tropical. A comparação para mim seria de uma Noronha bombada, cercada de centenas de outras ilhas. A diferença maior era mesmo a cor verde-esmeralda do mar que não chegava nem perto do azul transparente do nosso paraíso brasileiro.

Baía de Halong

Para explorar Cat Ba resolvemos alugar uma scooter e passamos o dia todo na estrada cruzando a ilha de norte a sul. O lugar que parece de mentira foi tombado pela UNESCO e foi também o cenário do filme “O Amanhã Nunca Morre”, um filme do agente 007 – James Bond. Além das várias paradas para apreciar a paisagem, estacionamos as motos para ver um hospital bem especial. Na época da guerra, os vietnamitas transformaram uma gruta em um hospital de três andares. Totalmente protegidos pelas bombas, era também um refúgio para o exército local. Andamos em quase sua totalidade, desde os escritórios dos médicos, passando pela cozinha, sala de cirurgia, farmácia e enfermarias. A maior parte de gruta tinha um forro de concreto. No terceiro andar o teto era na realidade a própria gruta que tinha uma escada levando a uma saída de emergência. Hoje, o hospital está totalmente desativado, mas é uma visita obrigatória na ilha.

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No cruzeiro

Meio do mar

Depois de explorar Cat Ba, resolvemos sair num cruzeiro de dois dias e uma noite pela baía. Navegamos por entre o arquipélago de mais de 2000 ilhas, algumas bem pequenas, outras do tamanho de um prédio de 5-7 andares. Passamos por entre vilas flutuantes e paramos para andar de kayak. Uma das ilhas era como se fosse uma rosca e que tinha uma enorme lagoa no meio. Para chegar na lagoa (de mar) percorremos uma caverna no maior breu por 15 minutos até chegar do outro lado. Ainda bem que levamos lanternas, pois o teto estava muito baixo e tínhamos que ficar se desviando de estalactites enquanto remávamos no kayak. Não podíamos ficar muito tempo do outro lado, já que a maré tava enchendo e existia a possibilidade da caverna encher completamente. Então voltamos logo para continuar o cruzeiro que nos levou para uma gruta gigante em outra ilha. Lindas formações rochosas, mas com uma iluminação de mau gosto. O pior mesmo foi a enorme quantidade de gente dentro da gruta. Mal dava para andar direito. Mas valeu à pena, pois nunca imaginei ver uma gruta numa ilha no meio do oceano.

Meu primeiro Rock climbing da vida

À noite paramos numa das vilas flutuantes e depois do jantar o pessoal do barco junto com o povo do restaurante/bar onde aportamos resolveu fazer uma festa com direito a música eletrônica, muita cerveja, fumaça e luzes de boate. Ficamos pasmos! Nós éramos 6 turistas e cerca de 10 nativos, todos dançando e se divertindo. Uma festa no meio do mar, no Vietnã. E tinha até um anão. Dizem que quando a festa tem um anão, não tem como não ser boa. Um turista americano , quase caiu no mar durante a noite. No fim, todos dormiram sãos e salvos em colchões no barco olhando as estrelas e o relevo das inúmeras ilhas de calcário ao nosso redor como pano de fundo. SURREAL!!!! Esse passeio foi um dos melhores que fizemos durante toda a viagem e a baía de Halong é um lugar que deve estar no roteiro de quaquer pessoa que vem ao Vietnã.
Ho Chi Minh Masoleum
Saímos da ilha e seguimos em direção a capital do país. Hanói é uma cidade bem plana e que se espalha por vários Km quadrados. Aparentemente só existe uma região turística na cidade e foi extamente onde ficamos. O Old Quarter existe por mais de 1000 anos e é uma emaranhado de ruazinhas que nunca se encontram num ângulo de 90 graus. O comércio é intenso e as ruas têm o nome dos produtos vendidos nas diversas lojas . A rua do bambu, da prata, do pente, do sal e do açúcar são apenas algumas das dezenas de ruelas no meio da capital.

Estacionamento da catedral

Um verdadeiro retrato da Ásia, o Old Quarter, é tudo aquilo que sonhamos um dia ver no maior continente do planeta. Fácil de andar e de se perder; os pontos da cidade mais importantes ficam relativamente próximos uns dos outros. Caminhamos até o Mausoléu de Ho Chi Minh, onde está o passeio mais esquisito que fizemos. O desejo de ser cremado não foi aceito pelo partido comunista que resolveu criar do homem que reunificou o país um troféu. O líder vietnamita está exposto num prédio de belíssima arquitetura na região norte do Old Quarter. O período de visita é restrito a apenas 3 horas e as filas são enormes. O esquema de segurança parece muito com uma ida ao aeroporto. Água nem pensar. Me senti como um chefe de estado ao entrar no prédio. Vários guardas bem vestidos de branco e um enorme tapete vermelho no portão principal. Dentro do complexo, todo de granito, câmeras nos filmam percorrendo os salões em fila indiana até chegar no centro do prédio onde o corpo de Ho Chi Mihn descansa num enorme caixão no centro. Ninguém pode parar para observar de perto, temos que todos seguir o passo na fila indiana e nada de fotos. Um passeio mórbido e que nos fez pensar bastante sobre como diferentes povos pensam em preservar a memória de pessoas importantes.

Uma das ruas largas de Hanoi

Mas o que foi bacana nos nossos últimos dias no Vietnã foi mesmo passear pelas ruas do Old Quarter. Ver os templos budistas, taoístas e até a missa de domingo da Catedral que estava lotada. A cidade é bem agitada e as pequenas ruelas do Old Quarter estão sempre cheias de gente tomando um café, um suco ou uma cerveja nas calçadas em pequenas mesinhas e banquinhos. Me lembrou um pouco o que acontece em algumas cidades do Brasil.

Sopa de enguia frita. Um espetáculo

Hanói parece com Bangkok no quesito comida. Os restaurantes e carrinhos de comida estavam em todos os cantos oferecendo suas especialidades. A culinária de Hanói, que é diferente do resto do país, foi uma grata surpresa e foi talvez a melhor do Vietnã. Mas vou falar sobre isso nas nossas impressões no próximo blog. Apesar das chuvas de monções todas as tardes, Hanoi nos surpreendeu e acabou sendo um destino mais interessante do que Saigon no sul do país.

Para mais fotos, esse é o link.

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