Nossa viagem a Ásia não começou no Nepal, mas na Tailândia, onde passamos alguns dias descansando das 55 horas de viagem de Santiago do Chile até Bangkok. A recompensa foi mesmo escolher Bangkok para relaxar, pois passar esse tempo todo em aeroporto e aviões não foi fácil. Depois do Nepal, voltamos à capital desse país que continou a nos surpreender com o imenso contraste comparado com o que vimos nos últimos 7 meses na América Latina. Já nos primeiros dias, percebemos que dedicamos muito pouco tempo a essa região. Nossos últimos dois meses de viagens tinham que ser muito bem aproveitados.
Como calouros no mundo asiático, descobrimos que a Tailândia é “o lugar” para se iniciar uma visita por essas bandas. Por que? Muito simples. Na Tailândia parece que o mundo moderno se mistura em uma perfeita harmonia com tradições de séculos. Diferente dos demais países da região é bem mais fácil para qualquer pessoa que mora no Ocidente se sentir a vontade por aqui. Os serviços são geralmente muito bons e eficientes, o oposto de grande parte do que vimos na América Latina. Existem, infelizmente, os famosos trambiqueiros de plantão que ficam nas ruas dizendo que as principais atrações da cidade estão fechadas e tentam direcionar os turistas a outros passeios . Mas foi fácil perceber isso logo no início e dizer não às inúmeras ofertas.
“A Terra dos 1.000 Sorrisos” é cheia de turistas nas ruas tentando entender um pouco como esse exótico país funciona. A gente tava nesse mesmo esquema, mas é muito difícil entender a cultura de um povo em tão pouco tempo. A melhor opção é mesmo cair de bico e aproveitar. A Tailândia é um pouco maior que a Espanha e tem uma população de cerca de 65 milhões de pessoas, cerca de 1/3 do Brasil. 100% tropical, localiza-se totalmente entre o Equador e o Trópico de Câncer. O norte está repleto de montanhas e no Sul praias paradisíacas atraem milhões de turistas todos os anos. Vários rios cortam a região, com florestas e plantações de frutas e de arroz espalhados na parte central. Ou seja, tem de tudo um pouco para quem procura beleza natural.
Um país muito religioso, a Tailândia, é proporcionalmente o país com o maior número de seguidores do budismo no planeta. 95% da população segue os ensinamentos do Buda e é fácil ver como isso se faz presente na vida das pessoas. Além da enorme quantidade de templos nas cidades, os vários altares com frutas, incensos e velas estão nas calçadas, na frente das lojas e casas. Um dos principais ensinamentos do budismo diz que o motivo do sofrimento humano é porque nos apegamos demais às coisas, dinheiro, pessoas, tradições e cultura. A idéia de que tudo é passageiro parece fazer parte da sua crença e as pessoas aparentemente incorporam facilmente outros comportamentos e atitudes criando um belíssimo sincretismo cultural que merece ser visto.
A comida é um espetáculo à parte. São muitos os pratos que prometem apimentar até a sua alma. A grande maioria das nossas refeições não foram só boas, mas excelentes. E nem precisa ir para restaurantes “caros”. A melhor comida é mesmo no meio da rua, onde os vendedores organizam seus carrinhos e preparam tudo na hora pra você. Ainda tem as frutas, muitas delas bem conhecidas para nós brasileiros como fruta do conde (ata), manga, goiaba, jaca; outras que só se vê mesmo no nordeste como cajarana, jambo e graviola e muitas outras que nunca tinha visto na vida. É claro que provamos todas as frutas que nem sabíamos que existiam, a maioria um espetáculo. Eles também são mestres em fazer deliciosos sucos e shakes de frutas com muito gelo batido que são uma benção num calor de 33 graus.
O sistema de transporte por aqui não deixa nada a desejar. As estradas são excelentes, os ônibus são bons. Não muito confortáveis, mas pelo menos saem na hora certa. Em um deles tinha até uma televisão plana para nossa diversão, apesar de não entedermos nada. Eles ainda tem um sistema ferroviário bastante utilizado pela população local e que parece ser razoável, mas nós não usamos. Em Bangkok a forma mais fácil de se andar na cidade é de táxi, que é bem barato. Nas cidades menores tudo fuciona com o que eles chamam de tuk-tuk, que é uma carrocinha de metal puxada por uma moto. Bem fácil de achar pois eles estão em toda esquina. Mas é sempre bom negociar o preço antes do embarque pois no final eles podem “enfiar a faca”. Em grandes aglomerações turísticas os motoristas são uma chatice e chega a ser difícil aproveitar a cidade, já que eles ficam enchendo o saco o tempo todo oferecendo os serviços no meio da rua.
A Tailândia vem crescendo bastante economicamente nas últimas décadas. Apesar de ter sido a grande responsável pela crise asiática de 1997, o país se recuperou e continua em uma taxa alta de crescimento comparado com o resto do mundo. Na última década teve grande instabilidade política, mas o maior exportador de arroz do mundo, segue com muitos investimentos privados de grandes companhias e indústrias da Europa e dos Estados Unidos, interessadas nos baixos custos de produção. Hoje está numa fase de transição, passando de uma economia rural para uma de país industrializado. Existe uma grande preocupação com o que vai acontecer quando o chefe de Estado mais longevo da história do mundo morrer. O rei Rama IX, que está com o pé na cova desde 2009, é adorado quase como um Deus nos quatro cantos do país. Parece que ele é a única força política capaz de unir essa dividida nação. Então é melhor arrumar as malas e visitar a Tailândia antes que golpes militares, greves e agitações assolem o país.
O tailandês é uma língua muito difícil de se aprender. Eles têm vários homônimos que tem diferentes significados de acordo com a entonação da voz das pessoas. O problema maior é que cada pessoa tem um tom de voz diferente. Imagine só a confusão! Nós só aprendemos mesmo a dizer: oi, obrigado e alguns números. Como andamos, na maioria das vezes, em locais turísticos, a maioria das pessoas sabia um pouco de inglês. Mas quando nos aventurávamos para outras áreas a comunicação era mesmo com as mãos ou usando caneta e mapa. Ás vezes era difícil, mas o povo era normalmente bem simpático e sempre muito prestativo. Isso, afinal, faz parte da visita a um local diferente. Pra complicar eles têm seu próprio alfabeto e fica impossível reconhecer as palavras nas placas e restaurantes. Era uma comédia!!! Felizmente todo mundo sabia o que era uma cerveja.
A moeda local se chama BAHT. Um dólar vale cerca de 30 Bahts. Dá pra comprar uma cerva por cerca de 60-100 Bahts. Singha e Chang são as duas cervejas nacionais e são bem ruins. Um quarto num hotel barato em Bangkok custa cerca de 25 a 30 dólares, mas esse preço cai pra cerca de 10-15 dólares nas cidades da região norte. Um prato na rua não passa de 2 dólares, mas num restaurante chega a ser o dobro ou triplo. E uma hora de massagem tailândesa nos pés ou no corpo inteiro chega custar entre 5 e 8 dólares.
A Tailândia é a mais perfeita e o mais seguro aperetivo pra quem quer conhecer a Ásia. Tem praias, montanhas, mercados incríveis, pratos e comidas para todos os gostos, uma infinidade de templos dourados, uma noite bem agitada e um povo super divertido e alegre. Um lugar exótico mas bastante moderno e com uma grande infra-estrutura turística que facilitou bastante nosssas andanças por aqui. Um dia esperamos voltar para conhecer as famosas praias do sul, enquanto isso vamos seguindo em frente em direção ao tranqüilo e belíssimo Laos.
Gostaria de conhecer este país ! Provar as deliciosas comidas,ver estes templos belíssimos e usufruir de umas massagens tailandesas.
Fantástico. Me deu vontade de ir pra lá. Que pena a cerva ser ruim, a cara tava boa. Beijos em vcs.